Empreendedorismo e educação

No início do século XXI, Perrenoud (2003)[1] problematizava se, considerando os países desenvolvidos, seria possível identificar competências transversais válidas para os diversos setores da vida. Também no início do século se evidenciou, por parte da União Europeia, a preocupação em definir competências essenciais para todos, tendo em vista que cada cidadão disponha de um amplo leque de competências para se adaptar com flexibilidade a um mundo em rápida mutação. No quadro de referência europeu criado neste âmbito (2006), apresentaram-se oito competências essenciais, de entre as quais destaco o “espírito de iniciativa e espírito empresarial”, que integra a criatividade, a inovação, a assunção de riscos, a capacidade de planear e gerir projetos[2].

Na ESECS, como acontece nas demais unidades orgânicas do Politécnico, tem existido uma preocupação de integrar o ensino do empreendedorismo nos diferentes cursos, ora em unidades curriculares específicas, ora noutras em que se trabalha a vertente do empreendedorismo, de modo mais transversal e por vezes de forma interdisciplinar, nomeadamente ao nível do desenho de projetos.

De forma mais global, no domínio da educação, o reconhecimento da relevância do empreendedorismo tem sido uma realidade, verificando-se uma aposta por parte de agrupamentos de escolas, no trabalho com crianças cada vez mais novas. Convém realçar que no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (2017) se considera precisamente, como uma das áreas de competências, o “pensamento crítico e pensamento criativo”, implicando o desenvolvimento de “(…) ideias e projetos criativos com sentido no contexto (…) recorrendo à imaginação, inventividade, desenvoltura e flexibilidade (…) além do conhecimento existente, com o objetivo de promover a criatividade e a inovação” (p. 24)[3]. No quadro de projetos na área do empreendedorismo, docentes do Politécnico de Portalegre, nomeadamente membros do Gabinete de Emprego e Empreendedorismo (GEE), têm tido a oportunidade de integrar equipas de trabalho, quer na vertente da formação contínua de professores, quer na monitorização de atividades/projetos desenvolvidos em agrupamentos de escolas, o que se tem constituído como uma mais-valia para todos os envolvidos.

O GEE tem realizado, em meu entender, uma importante atividade que se tem traduzido a diferentes níveis. Estou certa de que, em conjunto, continuaremos a trabalhar, em prol da comunidade do Politécnico Portalegre e, de forma mais abrangente, da região, este ano letivo, com desafios acrescidos, a que todos procuraremos dar a melhor resposta… Juntos chegaremos mais longe, “growing together”!

Luísa Carvalho

Membro do Gabinete de Empreendedorismo e Emprego enquanto Subdiretora da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais

[1] Perrenoud, P. (2003). Porquê construir competências a partir da escola. Porto: Asa Editores.

[2] Recomendação do Parlamento Europeu e do Conselho sobre as competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida (disponível em https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=celex%3A32006H0962).

[3] https://www.dge.mec.pt/noticias/perfil-dos-alunos-saida-da-escolaridade-obrigatoria.

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